Guimarães tornou-se pioneira em soluções baseadas na natureza: três exemplos

Edited on 07/11/2025

Área de demonstração de reabilitação fluvial junto ao Laboratório da Paisagem. © Ferenc Albert Szigeti

Para Guimarães, a biodiversidade não é só conversa, é a bússola da cidade.

A biodiversidade urbana é um aspeto crítico, mas muitas vezes negligenciado, do desenvolvimento urbano sustentável. À medida que as cidades se expandem, a questão já não é se a natureza pertence aos espaços urbanos, mas sim até que ponto ela pode moldá-los. 

Guimarães, uma cidade no norte de Portugal, foi selecionada como Capital Verde Europeia 2026. Para assinalar a ocasião, analisamos um estudo de caso realizado pela Rede URBACT de Planeamento de Ação BiodiverCity e perguntamos: «Como é que a biodiversidade se tornou um princípio organizador fundamental do desenvolvimento urbano em Guimarães?»

 

De espaços verdes a sistemas verdes

 

Para começar, Guimarães não decidiu apenas proteger os seus recursos naturais, mas redesenhou a cidade como um ecossistema. Todas as políticas, parques e pavimentos se encaixam num sistema vivo que liga a biodiversidade à resiliência climática, à economia circular e à saúde pública.

Essa mudança está enraizada num modelo de governança abrangente que liga ciência, políticas e cidadãos. As soluções baseadas na natureza não são projetos isolados, mas uma estrutura contínua que apoia a adaptação climática, a economia circular e a saúde pública.

 

Iniciativas pioneiras para uma cidade viva

 

No centro desta transformação estão iniciativas que aproximam as pessoas do mundo natural.

Por exemplo, em 2024, a cidade criou o Laboratório da Paisagem, um centro de pesquisa e educação ambiental, com foco em três áreas principais de intervenção: pesquisa e educação, gestão de projetos e comunicação e formação ambiental.

O grupo da rede BiodiverCity em frente ao Laboratório da Paisagem. © Daniel Ferreira

 

A cidade também criou três bacias de irrigação naturais como soluções baseadas na natureza para reduzir os riscos de inundações repentinas e proteger a cidade das secas frequentes. Além disso, a cidade planeia aumentar a cobertura arbórea urbana com a plantação de três mil milhões de árvores até 2030.

Bacia de irrigação. © Ferenc Albert Szigeti

 

Para aproximar os cidadãos da ciência por trás do processo de tomada de decisões, Guimarães desenvolveu áreas de demonstração onde diferentes soluções baseadas na natureza podem ser explicadas e apresentadas. Por exemplo, restaurando as margens junto ao rio de forma educativa, demonstrando várias soluções sobre como proteger as margens dos rios e os seus habitats.

Área de demonstração de reabilitação fluvial junto ao Laboratório da Paisagem. © Ferenc Albert Szigeti

 

Juntamente com estas soluções, Guimarães também desenvolveu um plano estratégico para proteger e promover a biodiversidade nas áreas urbanas. Reconhecido como uma boa prática a nível Europeu pelo Programa URBACT, este plano - juntamente com o trabalho do Laboratório da Paisagem - inspirou o Plano de Ação para a Biodiversidade adotado em 2023 - um roteiro estratégico que orienta os esforços de conservação, restauro de habitats e de incorporação de espaços e elementos verdes no ambiente urbano.

Em conjunto, estas iniciativas restauram ecossistemas degradados, promovem a ciência cidadã e reduzem os riscos climáticos.

 

Governança que cresce com a natureza

 

A força de Guimarães reside na colaboração. As autoridades locais, as universidades, as empresas e as comunidades trabalham lado a lado. A consciência ecológica está incorporada na educação, no planeamento e na tomada de decisões, garantindo que a sustentabilidade não seja um slogan, mas uma prática partilhada.

 

Uma história para partilhar com outras cidades

 

Compreendendo o sucesso de Guimarães, outras cidades podem adotar abordagens semelhantes para integrar a biodiversidade nas suas estratégias de planeamento urbano, criando espaços urbanos sustentáveis e amigos da natureza. Estes incluem, entre outros:

  • Tratar a biodiversidade como um motor estratégico, não como um recurso decorativo

  • Construir sistemas de governança que liguem os cidadãos, a ciência e as políticas

  • Criar espaço para experimentação e aprendizagem — desde pequenas ações-piloto até mudanças sistémicas

Por meio de uma liderança consistente e um planeamento baseado em evidências, Guimarães mostrou que as cidades podem crescer de forma mais ecológica, resiliente, inclusiva e economicamente sólida.

 

Quer saber mais sobre as principais políticas, iniciativas e estratégias que permitiram a esta cidade tornar-se líder em biodiversidade?

 

Leia o estudo de caso BiodiverCity (2025), que analisa como Guimarães emergiu como um modelo de planeamento urbano orientado para a biodiversidade, integrando soluções baseadas na natureza no seu quadro de governação. 

Quer descobrir mais soluções inspiradoras? Consulte as 116 Boas Práticas URBACT, selecionadas em 2024, sobre temas que vão desde mobilidade a habitação, regeneração urbana verde, economia local e envolvimento dos jovens. Estas práticas urbanas oferecem soluções prontas a usar para o desenvolvimento urbano sustentável noutras cidades Europeias.

Acompanhe a próxima jornada da rede do URBACT! O URBACT aprovou 25 Redes de Transferência, que participarão no processo de transferência entre novembro de 2025 e abril de 2028. Saiba mais sobre estas redes e os seus 181 parceiros de 28 países.

 

Traduzido do original em inglês submetido em 23/10/2025

Submitted by on 07/11/2025
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Maria José Efigénio

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