Na primavera de 2025, o URBACT lançou o seu mais recente concurso para apresentação de candidaturas a Redes de Transferência, uma oportunidade para as cidades transferirem, replicarem e adaptarem boas práticas de um contexto urbano para outro. A transferência de boas práticas não é novidade para o programa URBACT, nem o conceito de rede de cidades. O legado das redes URBACT remonta a ciclos de programas anteriores, em constante evolução acompanhando as necessidades e as características das cidades Europeias ao longo dos anos.
Este artigo analisa como é que diferentes redes URBACT promovem intercâmbios e soluções inovadoras para o desenvolvimento urbano sustentável entre cidades Europeias.
Como funcionam as redes URBACT?
As redes URBACT têm diferentes objetivos, desde o desenvolvimento de planos de ação até a transferência de projetos inovadores e boas práticas. Um elemento fundamental comum a todos os tipos de redes é o envolvimento ativo das partes interessadas locais e dos departamentos municipais no Grupo Local URBACT, que garante o planeamento participativo e a implementação colaborativa das ações.
Como é que estas redes se formam... e atuam?
• As Redes de Planeamento de Ação reúnem cidades para enfrentar desafios comuns a nível transnacional. Estas redes têm como objetivo cocriar estratégias integradas com as partes interessadas locais, validando simultaneamente uma visão partilhada através da implementação de Ações de Teste implementadas durante o processo.
• As Redes de Transferência de Inovação têm como objetivo replicar projetos financiados pela Iniciativa Urbana Europeia através das Ações Inovadoras Urbanas (Urban Innovative Actions-UIA). O seu objetivo é transferir a experiência das ações da UIA para outras cidades. As três etapas principais dessas redes – compreender, adaptar e preparar para reutilização – promovem uma compreensão mais profunda da prática original, ao mesmo tempo que identificam oportunidades de financiamento e desenvolvem planos de investimento para implementação em novos contextos.
• As Redes de Transferência concentram-se na adaptação e replicação das Boas Práticas URBACT. Sob a orientação da cidade que já implementou uma boa prática e com o envolvimento ativo das partes interessadas locais, as cidades envolvidas nas redes cocriam Planos de Transferência locais adaptados às características específicas dos seus próprios contextos.
Transformar ideias em ação: Redes de Planeamento de Ação
Desde 2002, as Redes de Planeamento de Ação têm-se mostrado eficazes transformando a troca de conhecimentos numa força motriz para a inovação nas cidades. Estas redes permitem a transferência de conhecimentos mais amplos do nível transnacional para o local, melhorando a forma como as autoridades locais enfrentam desafios específicos através de abordagens integradas e participativas que contemplam as dimensões ambientais, sociais e económicas da sustentabilidade urbana.
«No meio da agitação do dia a dia, é muito importante dedicar tempo a olhar para fora, para ver o que outras cidades estão a fazer em relação aos principais desafios urbanos», diz Dave Lawless, responsável pelo Desenvolvimento Económico em Dún Laoghaire-Rathdown (IE), ao falar sobre as Cidades Amigas do Turismo. «Para mim, o URBACT também serve como uma fonte positiva de energia e incentivo para a aprendizagem e o desenvolvimento. De certa forma, um dos resultados mais importantes da nossa participação na rede URBACT foi aprender a «ser corajoso»: experimentar coisas novas, trabalhar com novas partes interessadas, compreender as nossas limitações e capacitar os intervenientes para serem ativos nos desafios. Isto conduz ao desenvolvimento de um Plano de Ação Local positivo, que posteriormente fundamentou a nossa política e estratégia de turismo».
O modelo Cidades Amigas do Turismo, desenvolvido por Dún Laoghaire, inspirou a criação de ciclovias temporárias que ligam as aldeias da baía de Dublin e a revitalização dos espaços públicos. Estas iniciativas reforçaram o desenvolvimento económico local e o turismo através da cooperação com empresas locais e organizações culturais.
O próximo concurso para as Redes de Planeamento de Ação está agendado para março de 2026.
Visita a Dun Laoghaire. Créditos fotográficos: Simone d´Antonio
Transferência de soluções e de boas práticas: Redes de Transferência de Inovação e Redes de Transferência
Recapitulando, as Redes de Transferência de Inovação baseiam-se em projetos bem-sucedidos da UIA. Estes abrangem políticas inovadoras para a segurança urbana levadas a cabo por Turim (IT) e Pireu (EL), programas para atrair talentos de Aveiro (PT) ou a inclusão ativa de Utrecht (NL). O resultado final do processo participativo é o desenvolvimento de um plano de investimento adaptado às necessidades locais. Este processo baseia-se na troca de conhecimentos sobre os elementos-chave dos projetos da UIA que podem ser transferidos, e estes componentes inovadores podem ser adaptados para se adequarem a diferentes contextos locais.
Por sua vez as Redes de Transferência constituem-se em torno de Boas Práticas URBACT. Graças a uma Rede de Transferência URBACT, essa Boa Prática URBACT é então transferida para outras cidades europeias seguindo uma metodologia específica. Por exemplo, o programa Manchester Art and Sustainability Team (MAST) foi transferido por Manchester (Reino Unido) para uma série de parceiros em toda a Europa através da rede de transferência C-Change, que apoiou as cidades a mobilizar os seus setores artísticos e culturais para a ação climática local.
Mântua (IT), uma das cidades parceiras do C-Change, coordenou a replicação desta prática noutras sete cidades italianas entre 2021 e 2022. Tratou-se de um tipo de rede experimental composta por cidades do mesmo país, seguindo um projeto-piloto lançado pelo URBACT chamado Iniciativa Nacional de Transferência de Práticas.
«No processo de transferência do nosso modelo de Mântua para outros municípios italianos, enfrentámos desafios estimulantes que nos ensinaram muito», afirma Adriana Nepote, vice-presidente da Câmara Municipal de Mântua responsável pelos projetos da UE e pela inovação. «O principal foi certamente a constatação de que não podíamos simplesmente “copiar e colar” uma experiência, mas sim transferir as ferramentas e metodologias necessárias para que outras cidades pudessem criar e adaptar de forma independente os seus próprios grupos de trabalho locais. Cada contexto municipal tem as suas características específicas, e o nosso papel era fornecer as chaves para a adaptação — não uma solução pré-concebida. Apesar destas complexidades, a Iniciativa Nacional de Transferência de Práticas revelou-se incrivelmente útil e eficaz para transferir temas e modelos inovadores entre municípios italianos, permitindo aprender com os erros e os sucessos dos outros e encurtando significativamente a curva de aprendizagem».
No outono de 2025, um novo grupo de Redes de Transferência URBACT iniciará oficialmente a sua jornada de transferência.

Uma fonte de conhecimento e oportunidades para as cidades
Os diferentes tipos de redes URBACT revelam-se uma fonte de inspiração valiosa para várias cidades e estratégias urbanas sustentáveis. Não são soluções únicas e, em casos específicos, podem até gerar novas oportunidades (por exemplo, financiamento de outros programas Europeus e nacionais). Desta forma, as redes URBACT incentivam o pensamento a longo prazo, a aprendizagem entre pares e o aproveitamento do método URBACT, dos recursos especializados e das ferramentas.
O que vem a seguir? Fique atento aos resultados do último concurso para Redes de Transferência, que serão anunciados no site do URBACT e nas redes sociais. O próximo concurso para redes URBACT está previsto ser lançado na primavera de 2026.
Quer explorar mais notícias, ideias e recursos do URBACT? Visite o site do URBACT e subscreva a newsletter! Quer implementar ações de sustentabilidade urbana na sua cidade? A URBACT Toolbox tem tudo o que precisa – orientações, ferramentas, modelos, sugestões e muito mais!
Traduzido do original publicado pelo URBACT em 03/07/2025