O outro lado é sempre mais verde: cinco pontos de partida para uma economia urbana verde próspera

Edited on 03/12/2025

Nuvem de palavras ilustrando as respostas dos participantes à pergunta: «Qual deve ser o próximo passo para acelerar o desenvolvimento económico verde no seu contexto local?»

Num webinar recente do URBACT, as histórias das cidades são um guia orientador para os métodos da economia verde.

Em 13 de novembro de 2025, 134 agentes urbanos, especialistas e entusiastas da economia verde reuniram-se para refletir sobre o tema «O que é uma economia urbana verde próspera?». Depende do tamanho da cidade, da sua política económica local ou das ferramentas disponíveis?

Este artigo dá continuidade ao debate sobre a importância de uma economia urbana verde e o que podemos aprender com diferentes histórias de cidades. Essas histórias, baseadas no trabalho de cinco redes URBACT, tornam evidente como uma economia verde pode ser alcançada, mesmo a partir de pontos de partida diferentes.

 

O que torna uma economia urbana «verde» (e porque é que isso é importante)

 

«Cidades verdes» e «economias verdes» tornaram-se parte do léxico da sustentabilidade urbana. De modo geral, uma economia verde melhora o bem-estar humano e a equidade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. As cidades verdes, além de se basearem nesses princípios, também impulsionam a inovação. A inovação tem o poder de promover o crescimento verde e sustentável, de criar competências e empregos verdes relevantes, que, por sua vez, têm um impacto na equidade social e no bem-estar humano. Cidades verdes, inovação e crescimento sustentável são as três engrenagens de um motor que alimenta uma cidade com uma economia urbana verde.

 

Figura 1: Três engrenagens, um motor que conduz a economias urbanas verdes. Fonte: Autor.

 

Na última década, o Pacto Ecológico Europeu e o Oitavo Programa de Ação Ambiental contribuíram para que o emprego no setor de bens e serviços ambientais da UE passasse de 2,02% do emprego total para 3,1% entre 2010 e 2022. Isso resultou principalmente da criação de empregos relacionados com energias renováveis, eficiência energética e gestão de resíduos. Paralelamente, a UE pretende acelerar a transição verde da sua economia e tornar-se neutra em carbono até 2050. Espera-se que isto impulsione o emprego na economia ecológica da UE nos próximos anos e aumente ainda mais a quota do emprego verde na economia.

 

Figura 2: Emprego no setor de bens e serviços ambientais da UE por domínio, 2010-2022, Agência Europeia do Ambiente.

 

Isso demonstra a necessidade de as cidades estarem preparadas e aprenderem umas com as outras – agora mais do que nunca. 

 

Por que as economias verdes são importantes... agora, mais do que nunca?

 

1. As cidades são onde a pressão – e o potencial – se concentram.

As cidades ocupam menos de 2% da superfície da Terra, mas consomem mais de 70% dos recursos e geram mais de 60% das emissões. As economias urbanas são os motores do crescimento, mas também a linha da frente do stress ambiental: uso de energia, mobilidade, construção, resíduos.

 

2. A resiliência é agora uma necessidade económica, não uma escolha.

Os choques climáticos, as perturbações na cadeia de abastecimento e a volatilidade dos preços da energia revelaram a vulnerabilidade das economias urbanas tradicionais lineares e intensivas em recursos.

 

3. A transição verde cria novo valor local.

A reparação, a reutilização, a produção local, as energias renováveis e a construção sustentável geram empregos locais, inovação e competências que permanecem na comunidade. 

 

4. Os cidadãos esperam isso.

Os residentes urbanos exigem cada vez mais ambientes mais saudáveis, limpos e habitáveis. São também consumidores e potenciais inovadores.

 

5. O timing é importante.

As cidades europeias estão agora a implementar o Pacto Ecológico Local, os Planos de Ação para a Economia Circular e as estratégias para a Transição Justa. As janelas financeiras e regulamentares estão abertas, desde o financiamento da UE ao investimento privado em infraestruturas sustentáveis.

 

Métodos para tornar a economia mais verde: cinco pontos de partida

 

Muitas cidades europeias já iniciaram a transição verde das suas economias. Inspirados nos testemunhos de cinco redes URBACT, os exemplos de cidades a seguir ilustram a transição verde da economia a partir de diferentes pontos de partida: incentivar a participação dos cidadãos, regenerar espaços não utilizados, adotar modelos de economia circular, explorar soluções de energia de baixo carbono e mobilidade sustentável e remodelar áreas industriais. 

 

#1 – Ação climática liderada pelos cidadãos

 

Ao reconhecer as comunidades como cocriadoras de mudança, a Rede URBACT de Planeamento de Ação COPE ajuda a expandir os esforços municipais. Como parte desse esforço, Bistrița (RO) melhorou a infraestrutura para ciclistas e a mobilidade verde por meio do envolvimento ativo da comunidade. Isso refletiu uma grande mudança em relação às abordagens anteriores, que envolviam a mobilidade baseada em combustíveis fósseis e baixa consciência cívica do potencial verde. 

«Trabalhar com as pessoas no local pode seguir muitas direções. Depende muito das pessoas que participam e das pessoas que lideram os processos. Felizmente, ainda temos o fator humano presente no nosso trabalho!», afirmou Øystein Leonardsen, coordenador do projeto COPE, Copenhaga (DK).

 

Uma atividade educativa comunitária em Bistrița, Roménia, onde as crianças participam numa oficina sobre segurança rodoviária orientada pela polícia local. Fonte: COPE.

 

#2 – Revitalizar espaços urbanos esquecidos

 

A Rede URBACT de Planeamento de Ação GreenPlace centra-se na transformação de locais urbanos não utilizados ou esquecidos. Em Wrocław (PL), a rede apoiou um importante processo participativo para redesenhar um armazém de elétricos abandonado. Através de um hackathon de dois dias com os residentes, a cidade analisou soluções baseadas na natureza e novas utilizações para o local. O resultado: a criação de uma zona denominada «Green Boiler House», concebida para servir como espaço de lazer, reforçar os laços comunitários e testar infraestruturas azuis-verdes e soluções de gestão da água. 

 

#3 – Promover práticas de economia circular

 

A Rede URBACT de Planeamento de Ação LET’S GO CIRCULAR! possibilita, apoia e serve a economia circular nas cidades. Isto pode assumir muitas formas e envolver diferentes soluções práticas. Em Munique (DE), por exemplo, novas diretrizes para a contratação ajudam a integrar a circularidade em restaurantes e cantinas públicos. Lisboa (PT) está a construir uma plataforma digital para ligar os residentes e turistas a empresas circulares verificadas. Granada (ES) combina a renovação de bicicletas liderada por estudantes com o desenvolvimento de aplicações, combatendo a má qualidade do ar e, ao mesmo tempo, promovendo as competências dos jovens e a cooperação local. Estas ações mostram como a circularidade pode apoiar o emprego local, a sustentabilidade e sistemas urbanos mais inteligentes.

 

Mapa circular do bairro em Lisboa, Bike Hospital em Granada. Fonte: LET'S GO CIRCULAR.

 

#4 – Tornar as pequenas cidades mais verdes nos corredores de transporte

 

A Rede URBACT de Planeamento de Ação EcoCore apoia as pequenas cidades ao longo dos corredores de transporte na liderança da transição verde, trabalhando com empresas e desenvolvendo capacidades. Em Balbriggan (IE), as autoridades locais lançaram uma formação em sustentabilidade, programas de competências ecológicas e uma nova estratégia desenvolvida em conjunto com empresas locais, pelo que o município começou por trabalhar com as empresas e tornar-se mais aberto ao público. Pärnu (EE) realizou um Fórum Económico para criar parcerias em torno de projetos climáticos, que agora se prepara para se tornar um evento anual. Estas cidades mostram que, mesmo com recursos limitados, as áreas urbanas mais pequenas podem impulsionar a transformação industrial.

«Muitas vezes, os municípios estão tão ocupados a fazer o trabalho que nos esquecemos de dizer às pessoas o que estamos a fazer. Partilhar as histórias do projeto EcoCore e as jornadas de sustentabilidade das nossas empresas locais provou ser uma ferramenta muito poderosa», afirmou Aoife Sheridan, coordenadora do projeto EcoCore, Balbriggan.

 

#5 – Governança para transições industriais verdes

 

A Rede URBACT de Planeamento de Ação In4Green reúne 10 cidades industriais, anteriormente altamente poluídas. Em Avilés (ES), a transformação de uma cidade de indústria pesada num centro de inovação verde inclui um Parque de Ciência e Tecnologia, 10 novos centros de Investigação & Desenvolvimento e parcerias público-privadas de longo prazo. Com temas que abrangem a digitalização, a circularidade e a neutralidade climática, a In4Green trata as áreas industriais como campos de teste para a mudança sistémica.

Segundo Manuel Campa, Vereador de Desenvolvimento Económico e Urbano de Avilés, «as áreas industriais não são um problema para a In4Green. São uma oportunidade. Concentram empregos, infraestruturas e potencial de inovação, mas também representam a maior parte das emissões e do consumo de recursos nas nossas cidades».

 

O Parque Científico & Tecnológico de Avilés, parte da estratégia da cidade para se transformar num centro de inovação. Fonte: In4Green.

 

Manter a conversa viva

 

As histórias das cidades URBACT provam que economias urbanas verdes prósperas são possíveis e práticas, mas não são fáceis nem isentas de dificuldades. É muito importante ter uma visão de longo prazo, apoiada por ferramentas e indicadores de monitorização fiáveis e seguindo uma abordagem integrada e orientada para a inovação.

Encontre a gravação do webinar e outros materiais na página do evento aqui.

Continue a conversa em Nicósia (CY) de 31 de março a 1 de abril de 2026! Trinta Redes URBACT de Planeamento de Ação (incluindo as cinco mencionadas neste artigo) estarão presentes no URBACT City Festival 2026. 

Fique atento ao Knowledge Hub sobre Economias Urbanas Verdes – em breve no site da URBACT! Este será o seu recurso de referência para obter informações especializadas e artigos relevantes sobre abordagens e práticas verdes para o desenvolvimento urbano sustentável.

 

Traduzido do original submetido pelo URBACT em 27/11/2025

 

 

Submitted by on 03/12/2025
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Maria José Efigénio

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